“O trabalho em equipe é um elemento crucial para a eficiência das organizações.”
Manfred F.R. Kets de Vries, 2013
Dinâmica dos Grupos, Facilitação de Equipes, Coaching de Equipe são recursos/intervenções/processos presentes quando se fala em desenvolvimento de pessoas, grupos ou equipes.
No entanto, quais as diferenças entre elas?
Em meu papel como Coach Executivo percebo uma demanda, cada vez maior, por parte das empresas, por trabalhos de Coaching de Equipe; sem, no entanto, terem a clareza do que se trata realmente este processo. Pesquisa feita por Henley Business School ( 2014 ) com 600 executivos de 40 países perguntou : “Qual o maior desafio em sua empresa ?”
As respostas se dividiram em dois grandes grupos:
- ter uma liderança capacitada para nossas necessidades- onde podemos entender que o Coaching Individual possa contribuir
- ter equipes/times eficazes – oportunidade para o Coaching de Equipe – Nova Tendência
Foi constado também uma crescente necessidade de uma liderança mais colaborativa e compartilhada frente ao mundo cada vez mais complexo, globalizado e interconectado.
As empresas se deparam com o desafio de fazer mais, com maior qualidade e com menos recursos. Para isto precisam de equipes de alta performance.
Neste sentido, buscarei neste artigo trazer algumas reflexões sobre estes diferenciais.
Dois Conceitos fundamentais em Coaching de Equipe
Inicialmente faz-se necessário definir e diferenciar dois conceitos fundamentais, a saber Grupo e Equipe.
Segundo De Vries ( 2013 ) Grupo pode ser entendido como um número de indivíduos que formam uma unidade reconhecível, uma concentração de pessoas ou uma agregração.
Já o conceito de Equipe, segundo Katzembach & Smith ( 2005 ) refere-se a um grupo de pessoas com aptidões complementares, comprometidas com um objetivo comum, que realizam um trabalho de forma interdependente e que são coletivamente responsáveis pelos resultados.
Como se pode observar já neste ponto ao sermos solicitados para um trabalho de Coaching de Equipe, devemos ter claro se realmente estamos diante de uma Equipe ou de um Grupo de Trabalho.
Peter Hawkins em seu livro Leadership Team Coaching in Practice ( 2014 ) cita Richardson ( 2010 ) que apresenta seis critérios distintivos de uma Equipe:
- Interdependência: equipe possui tarefas coletivas que exigem que trabalhem em conjunto
- Objetivos Compartilhados: possuem objetivos compartilhados e acordados
- Autonomia: equipe define as áreas nas quais eles podem coletivamente decidir
- Reflexão: equipe reflete sobre sua performance em relação aos objetivos e como podem aprender e desenvolver-se
- Fronteiras claras: equipe tem clareza destas fronteiras
- Papéis Específicos: papéis diferentes entre os membros contribuindo para a performance coletiva
Mas o que tudo isso significa?
Partindo destas definições, Clutterbuck ( 2001 ) nos diz que o Coaching de Equipe visa aumentar a capacidade e performance coletiva através da aplicação dos princípios do Coaching : reflexão, questionamento, diálogo franco e honesto.
Já Peter Hawkins ( 2014 ) define como um processo no qual o Coach trabalha em parceria com a equipe como um todo ( diferente de fazer coaching com cada membro ou com o líder da equipe ), tanto quanto estão juntos ou separados ( os membros representam a equipe entre os encontros ), no intuito de contribuir para a aprimorar a performance coletiva e como eles trabalham em conjunto ( coaching de equipe não visa somente melhoria dos processos, mas impacto na performance coletiva ) e como desenvolvem sua liderança coletiva de forma mais eficazmente engajada com os vários stakeholders para, em conjunto transformar o negócio e co-criar valor para todos os stakeholders ( engajamento e alinhamento com os vários stakeholders ).
De Vries ( 2014 ) acrescenta que o Coaching de Equipe é uma intervenção na qual se vê e se trabalha com o time como um todo.
Algumas conclusões
A medida que avançamos nos conceitos acima, torna-se mais claro para os autores citados, que o foco do Coaching de Equipe é a entrega/performance da equipe como um todo e não os relacionamentos que se estabelecem em seu interior.
Sem dúvida, estes são fundamentais na entrega, mas seria o foco da Facilitação de Equipes/Grupos. Neste sentido Peter Hawkins ( 2014 ) nos apresenta um “Continum”, que se inicia com a Facilitação de Equipes e “finaliza” no Coaching Sistêmico de Equipes.
Segundo Hawkins, a Facilitação de Equipes tem como foco a facilitação dos processos objetivando um melhor engajamento interno.
Já o Coaching de Equipe tem como foco os processos, a tarefa e a performance, objetivando facilitar o atingimento demandados para esta equipe.
Por fim, o Coaching Sistêmico de Equipes amplia o foco trazendo os vários stakeholders envolvidos, bem como a organização e sistema onde estão inseridos.
Por fim, mas não menos importante, o conceito de Dinâmicas dos Grupos que entendo como um recurso/técnica/ferramenta que pode contribuir para o desenvolvimento das atividades de um processo de Coaching de Equipe.
Escrito por: Liana Gus Gomes – Psicóloga, Coach Executivo e Empresarial, com formação e certificação pela ABRACEM;